GATOS MALTRATADOS

Gatos pardos, passam por mim, na morbidez

Da tarde, que se antevê. Pessoas no regresso

A casa, numa profunda e inócua languidez,

São este pardieiro no seu pueril processo.

São gatos pardos na mais sublime lucidez,

Sempre altivos e profundamente independentes,

Comem do chão ou dos pratos com avidez,

Da boa gente que não os acha diferentes.

Saltam de lata em lata, à procura de comida,

Fazem barulho estridente e dão-nos guarida,

Quando a noite entra pela madrugada adentro.

Foram deuses adorados nos idos tempos,

Agora quem lhes escuta os lamentos,

Quando lhes esfolam as peles para seu contento?

Jorge Humberto

11/04/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 12/04/2007
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