DECANTAÇÃO

Escorre desesperada do leito,

caminha aflita e forma um denso rio;

a água amarga que vaza do peito

desliza da fonte estreita em fio...

Desloca-se da fonte tão pequena,

e, diminuindo, decanta das águas

os desenganos, lamentos e penas,

e, desfilando, destila o que amarga

Na trajetória, nem pouca, nem tanta,

modifica seu gosto enquanto escorre;

tornando doce a água que envenena

Alaga o peito e destrava a garganta

afogando a mágoa que, enfim, morre

e a fonte estreita, se alarga, serena

DECANTAÇÃO - Lena Ferreira – out.13