APELO

Se mais uma palavra eu te disser,
Deixa-me de vez ainda que aflito.
Mas ouve, ao menos, a confissão de fé
Desta alma despojada do seu mito.

Teu egoísmo fulminou-me os planos,
Eu que me doei até o desespero,
Aturando teus caprichos e enganos,
Vencido com desdém e sem apelo.

Mesmo assim te quero como és
Oh! bela e ensimesmada criança,
A quem dedico a dor do meu revés,

Agarrado à mais tênue esperança.
E suplicando triste ante o teu vôo
Digo-te apenas: fica, te perdôo.



1982