Dúvida sobre a brisa na face molhada

Não era - nem sonhando! - o que eu queria:

guardar tua lembrança eternamente.

Mas tem meu corpo insone, um demente

que geme e chora - e sonha - noite e dia...

A alma, por mais sábia, se desvia

do vento da memória - forte, quente!

(teu cheiro, no entanto!...) Mas a mente,

por mau costume, inventa poesia:

"As formas do teu (oco) conteúdo

se amoldam, com presteza, ao meu vazio,

que nem o ar em túnel abissal..."

Em verso e rima emito um grito mudo;

evoco outro vento - brando, frio...

(Melhor seria, então, um madrigal?)

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 03/10/2013
Reeditado em 24/06/2019
Código do texto: T4509018
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