Que atire a primeira flor
Quem não viveu paixões desesperadas,
amou, quase morreu de tanto amar.
Quem não beijou, até perder o ar,
na boca, em outra boca, afogada.
Que não carpiu infindas madrugadas
as lágrimas traídas da razão.
Quem não sentiu no próprio coração
aquela sensação de tudo ou nada.
Quem não buscou refúgio na calçada
do muro que encastela a musa amada
e deu-se em corpo e alma ao violão...
que atire, neste amante indigente,
a flor primeira, a rosa indiferente
aos beija-flores mortos de paixão.
A flor que há de abrir na sua frente
um mudo de amor inda botão.