TEMPO DE SORTILÉGIO * A UTOPIA

(ou o outro lado do ser humano)

Morria cada dia um poucochinho.

Falava de amanhãs que não veria.

Em cada flor da berma do caminho

só versos de canções de amor colhia.

E lágrimas de sangue e sal vertia,

doído, quando o débil passarinho,

nas ondas de furor da ventania,

caía, em perdição, do frágil ninho.

No entardecer das horas já cansadas,

o arrimo do cajado solidário

trazia forças novas às fraquezas.

Na sedução das noites estreladas,

buscava, impenitente visionário,

além do chão, as cósmicas certezas…

José-Augusto de Carvalho

21 de Outubro de 2013.

Viana*Évora*Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 21/10/2013
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T4535773
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