CANTO REVELADO * Revelação

A dúvida foi sempre o meu escudo.

A dúvida de ser e perceber.

Com nuvens prenhes de água não me iludo,

por não poder chegar-lhes e beber.

E quando a chuva cai a prometer

o fim da tentação, eu testo tudo,

na dúvida constante de saber

se comprovado está ou se me iludo.

Minh’alma sempre à dúvida se deve,

numa ânsia angustiada de manhã!

Os sonhos de infinito em que se atreve

quer livres da serpente e da maçã!

No Céu há tanta estrela a lucilar

sorrindo da inconstância do luar!

José-Augusto de Carvalho

12 de Julho de 2002

Viana*Évora*Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 26/10/2013
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T4543575
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