A NEVE

A neve novamente em mim navega,

Congelando-me o âmago do ser,

Fazendo meu espírito tremer

E, aos poucos, a minha alma fica cega.

Oh inverno em meio à brasa do verão!

Lá fora, todo dia é dia quente,

E eu, com o coração aqui dormente,

Buscando-me aquecer na solidão...

Já fazem em minha mente os seus lugares

Parasitas que em mim acharam lares,

Nas covas congeladas da cabeça;

E até que se derreta essa nevasca,

De mim fica visível só a casca,

Quebrável acaso algo lhe aconteça.

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 07/11/2013
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