A NEVE
A neve novamente em mim navega,
Congelando-me o âmago do ser,
Fazendo meu espírito tremer
E, aos poucos, a minha alma fica cega.
Oh inverno em meio à brasa do verão!
Lá fora, todo dia é dia quente,
E eu, com o coração aqui dormente,
Buscando-me aquecer na solidão...
Já fazem em minha mente os seus lugares
Parasitas que em mim acharam lares,
Nas covas congeladas da cabeça;
E até que se derreta essa nevasca,
De mim fica visível só a casca,
Quebrável acaso algo lhe aconteça.