Morte em Minutos
Despertei com um alarido copioso.
Alguém dizia a palavra "impossível" repetidas vezes.
Algo tocava o esquife escabroso.
Por um breve momento, julguei-me parte das raízes.
Estava tudo escuro.
O odor das flores era nauseante.
A pouca mobilidade, abundante.
Já havia, em minhas mãos, a rastejar, um fura-defunto.
Se eu havia morrido, que me deixassem em paz.
Vozes chorosas diziam: abram, abram.
As tarrachas da morte rangiam de forma assaz.
Abriram o caixão e eu não estava mais soterrado.
Escutei um clamor e um grito de horror, depois a frase:
"Meu Deus. Sabia que tínhamos enterrado o homem errado".