Pelas rochas se quebrou
E se perdeu a onda deste sonho
Depois ficou uma franja de espuma
A desfazer-se em bruma.

(Jerónimo Bragança).

BUCÓLICO


Se na vida tiveste a triste sina
Desses vultos noturnos, tumulares,
Que têm na face alvuras de luares,
No peito a rigidez de uma colina,

Só me resta de Deus a Unção Divina
Que me vem por incenso nos altares
Como um sopro de vento d’outros mares,
A que o servo da sorte se destina.

Desafinando um cântico em falsete,
Põe-se o vocabulário em verbete
Num arremedo arremate diabólico.

Que aura mortuária se espalha
Dentro da noite! Rasga-se a mortalha
Do espanto, e o dia vem belo e bucólico.
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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 03/12/2013
Reeditado em 01/01/2014
Código do texto: T4597013
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