GLS

Pestanejei sem dó e abracei o mal:

Por engano, foi doce engano.

Estanquei o sangue sujo com o mesmo pano,

E contaminei a bondade com traje formal.

Não tive culpa se fui tão frugal,

Quis tantas vezes padecer desse oceano,

Mas os golfinhos apostam tanto no ser humano

Que me fazem crer que sou normal.

Não posso condenar-me à culpa, no entanto,

De amar um outro igual,

Se dentro de mim existem horrores que não são meus.

Que me consuma o Espírito Santo

No auge da minha virgindade celestial:

Eu quero mesmo é engravidar de Deus!