Soneto da Revolta

Não teimes em tentar me seduzir!

Já não sinto teu ar: cólera só.

Dos laços, hoje só sobrou o nó,

E das rimas, nada que caiba em ti.

Do tempo que se foi, ficou o pó;

Do sabor da tua pele, o sentir;

Das palavras, até vi o amor fugir,

E no teu olhar, nem vi rastro de dó.

Foste capaz de um dia me negar.

Então não faças, de novo, escorrer

A força na lágrima que guardo:

Líquido sagrado que há de me dar

Meu peito que não mais quiseste ter

E a fé pra viver com esse fardo!