Onde a sereia dorme

Respiro sonho azul lunar

na transparência louca do sombreiro.

Vejo nu, o garço olhar distante

enlourado e límpido igual diamante.

A noite severa à banhar o sândalo,

respira o flerte da sereia feral.

No sideral indômito teimoso

busca fundo a escavação nebulosa.

O enfado renitente retalha o tronco

negro no sarcasmo ferrenho do lago

onde a sombra deita e dorme.

Neste ornato límpido e cruel,

no pueril risonho do caleidoscópio

vejo ondas dormentes da tocata.