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Imagem do Google - Zacarias Mourão

SAUDADES DO PÉ DE CEDRO
 
Do pé de cedro saudades eu sinto
Plantado há muitos anos atrás
Só em recordar emoção me traz
É pura verdade, pois eu não minto.
 
O grande poeta que a terra cavou
Trazendo do mato donde caçava
Um pequenino arbusto carregava
E no quintal da sua casa plantou.
 
Foi-se embora, mas a recordação
Jorrou lágrimas de saudades, sim
Do tronco do cedro pediu o caixão.
 
Poeticamente o atenderam, enfim
Inesquecível Zacarias Mourão
O poeta da cidade de Coxim.
 
(Christiano Nunes)
 


 
PS. Grande poeta de Coxim – (Hoje cidade pertencente ao Mato Grosso
Do Sul).  Pé de Cedro, não é apenas poesia. É real.
Em 1959, durante uma visita a Coxim e ao pé de cedro que plantara aos 11 anos, Zacarias Mourão escreveu a canção que viria a ser reconhecida como seu principal trabalho. Na capital paulista, ele pediu a Goiá, um amigo compositor, que musicasse a letra.
"Antes de conhecer Goiá (músico) papai voltou a Coxim para matar a saudade. Ele queria ver o pé de cedro. Quando chegou, abraçou o tronco e chorou. Foi quando escreveu a letra da música PÉ DE CEDRO". (Disse a filha Lígia Mourão, numa entrevista).
O poeta morreu no dia 23 de  novembro.de 1989, ao 61 anos.



 Abaixo, o belíssimo poema.



PÉ DE CEDRO

(Zacarias Mourão)

Foi no belo Mato Grosso
Há vinte anos atrás
Naquele tempo querido
Que não volta nunca mais.

Nas matas onde eu caçava
Um pequeno arbusto achei
Levando pra minha casa
No meu quintal plantei.

Era um belo pé de cedro
Pequenino em formação
Plantei suas raízes
Na terra fofa do chão.

Um dia parti pra longe
Amei e também sofri
Vinte anos se passaram
Em que distante vivi.

À Virgem Santa Sagrada
Uma prece vou fazer
Junto ao meu pé de cedro
É que desejo morrer.

Quero ter sua sombra amiga
Projetada sobre mim
No meu último repouso
Na cidade de Coxim.

Hoje volto arrependido

Para o meu antigo lar
Abatido e comovido
Com vontade de chorar.

E rever meu pé de cedro
Que está grande como que
Mas é menor que a saudade
Que hoje sinto de você.

Cresceu como minha mágoa
Cresceu numa força rara
Mas é menor que a saudade
Que até hoje nos separa.

A terra ficou molhada
Do pranto que derramei
Que saudade pé de cedro
Do tempo em que eu te plantei.

Que saudade pé de cedro
Do tempo em que eu te plantei.