O BRAMIDO DA IRA

Estoura no peito o bramido da ira;

lacera-se víscera, a fera árdua, dura;

retesa-se músculo, pesa e perfura;

dessangra-se cérebro, o insano delira.

Com pedra afilada, estilhaça, tortura;

e arranca em metal de sua áspera lira

o som dissonante que aos nervos regira,

enquanto ensurdece o pensar que supura.

Ao bruto alastrar do combate, revira

e abrasa as artérias com fachos de agrura;

a fraca esperança, nas chamas, expira.

E frente ao poder de um instinto, a criatura,

enfim, é vencida pelo ódio que a inspira

cravar em seu tino o punhal da loucura.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 03/02/2014
Reeditado em 05/02/2014
Código do texto: T4676631
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