SONETO I
me assalta a indolência neste agosto
e contrito e pálido e mudo e frio
me acalanto nesse meu sol oposto
ansiando da vida outros desafios
que não a secreta angústia amarga
desse tempo de bombas e presságios
a minha rua é o infinito onde habito
que vem da infância mais remota
à adolescência mais cansada e torta.
ah, tempo rastrejador de enigma!
em cada segundo calo e ausculto
o lamento inútil dos minutos, tangendo
as horas dessa vida de sobressaltos.