SONETO III
vida, esta dádiva semprenunca repetida,
que faz tremer russos e americanos,
por que hei de seguí-la, ao Iongo dos anos,
dando socos de maguila em troco de a-venturas?
vida, labuta, luta de ringue, ranger
de dentes e ameaças de paraíso. outros
infernos haverão pior que a maldição
de vida, vital, brevelonga e em vão?
mas vida, renhida, comprada a suor e não;
vída, mais que morte, número de sorte;
vida, mais que madeiro, verbo e yeshu'a.
ai, vida como vida, mas vida in-finita,
sem hora marcada, sem relógio de ritmo
sem nexo, assim te quero - mais valia - poesia.