SONETO IV
em versos catorze tentei a expressão,
mas, ai, como dói a falta de precisão!
que me perdoe camões tal ousadia,
ao bocage e ao faustino* rendo graças
neste embate que me derrota - por pirraça
aos sonetistas destros ritmosos, presto
envio este recado: crime como este
não mais cometo, pois, feito o halley,
a forma passou a leste deste vate chinfrim.
e como não ouso, por motivo que salta
dos olhos, acusar-me a mìm soneteiro,
peço escusa às musas por tão sofrida
fissura, de fazer da liberdade prisão,
por amor da canção, só neste derradeiro.
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* Mário Faustino dos Santos e Silva (1930 –1962), poeta piauiense de expressão nacional, que aliou tradição e modernidade.