SONETO IV

em versos catorze tentei a expressão,

mas, ai, como dói a falta de precisão!

que me perdoe camões tal ousadia,

ao bocage e ao faustino* rendo graças

neste embate que me derrota - por pirraça

aos sonetistas destros ritmosos, presto

envio este recado: crime como este

não mais cometo, pois, feito o halley,

a forma passou a leste deste vate chinfrim.

e como não ouso, por motivo que salta

dos olhos, acusar-me a mìm soneteiro,

peço escusa às musas por tão sofrida

fissura, de fazer da liberdade prisão,

por amor da canção, só neste derradeiro.

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* Mário Faustino dos Santos e Silva (1930 –1962), poeta piauiense de expressão nacional, que aliou tradição e modernidade.

Elias Paz e Silva
Enviado por Elias Paz e Silva em 01/05/2007
Reeditado em 02/06/2007
Código do texto: T470395
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