A UM POETA (Olavo Bilac)
 
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, no silêncio e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

 
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica, mas sóbria, como um templo grego.

 
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

 
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

Nota: Este soneto de Olavo Bilac foi recitado por mim e encontra-se em minha página de áudios, para ouvi-lo, clique no link abaixo:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/60741

 
 
Olavo Bilac
Enviado por Ariadne Cavalcante em 09/04/2014
Reeditado em 24/08/2014
Código do texto: T4762653
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