Copo, corpo, copa

Vejo um copo sujo, imundo, usado...

E, imóvel, em seu canto, está só:

Ninguém o pega, é um todo desolado;

Está vazio e inútil: se corrói.

Negam-se aqueles que não o veem:

Um copo, em sua imobilidade,

Está lá parado, não vai nem vem

Para lugar algum: uma inutilidade.

Mas um corpo está cá, tem sensatez,

Pode mexer-se sempre que quiser:

E algo o prende a um modo de, talvez,

Sepultar a si mesmo na ausência

Que faz de não ir para a Copa e, se vier

O corpo, que tenha paciência.

Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 20/05/2014
Reeditado em 06/06/2014
Código do texto: T4813200
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.