Rumo de agulha
Enquanto houver crianças sem comida
em qualquer um dos cantos deste mundo.
Enquanto houver um corpo moribundo
a mendigar um átimo de vida.
Enquanto houver na terra um só Raimundo,
que seja tão somente uma rima.
Enquanto houver um braço que oprima
e torne o outro braço infecundo.
Enquanto houver alguém de mão vazia
que não possa colher a flor à frente,
nem mesmo semear uma semente
pra ter mais uma flor um outro dia:
o mundo há de rodar sem poesia
e, assim, alguém jamais há de ser gente.
A fome, mesmo em fotografia,
é triste pra quem vê e pra quem sente.
Enquanto houver crianças sem comida
em qualquer um dos cantos deste mundo.
Enquanto houver um corpo moribundo
a mendigar um átimo de vida.
Enquanto houver na terra um só Raimundo,
que seja tão somente uma rima.
Enquanto houver um braço que oprima
e torne o outro braço infecundo.
Enquanto houver alguém de mão vazia
que não possa colher a flor à frente,
nem mesmo semear uma semente
pra ter mais uma flor um outro dia:
o mundo há de rodar sem poesia
e, assim, alguém jamais há de ser gente.
A fome, mesmo em fotografia,
é triste pra quem vê e pra quem sente.