Soneto do Perdão

Amo-te de amor intenso e tão profundo,

Que me ardem os olhos assim que te vejo,

Subvertendo um sentimento que dói fundo,

Sufoco-me nos seus nostálgicos beijos.

Amor, em fim, de modo pacificado,

Perdoando desventuras que foram ditas,

Desvinculando-me do triste passado,

Peço para que isto, não se repita.

O recíproco andar que nos encaminha,

A lamúria e o sofrer, não mais viceja,

Cultivando em bel-prazer uma dorzinha.

Inaudível a qualquer um que me veja,

Reclamando tantas dores que não se expressam,

São brandos sentimentos, que me atravessam.