As Mocinhas na Piroga
A piroga descansava sua madeira
Nas águas límpidas da longe lagoa
Sobre ela duas mocinhas faladeiras
Donas de uma sombra que não tinha proa
Aquela piroga até que resistia
Em escutar a animada conversa alheia
Mas era só uma refém imóvel
Reduto e suporte das duas sereias
Até o crepúsculo se fez mais rubro
Aos dizeres risonhos das comadres
Que tinham de ir embora, porém já sem alarde
Ficou sozinha a piroga a balançar
Até a lua chegar ansiosa, amarela e cheia
Era delas agora o assunto, das horas da noite inteira