Soneto XII (Fascite Necrosante)

A minha pele rasga-se e debaixo

Dessa epiderme pálida que tenho

Vejo a matéria estéril de onde venho

A expor-me a condição onde me encaixo.

Aguarda-me amanhã um negro faixo

Que nublará meus olhos e o que tenho

Será comido pelos vermes que desdenho

Em meio à podridão que me rebaixo,

Mas cala-me a narcísica vaidade

De ver que numa única ferida

Há toda essência da efemeridade

E a química da carne apodrecida

Será pra sempre a única verdade

Depois que eu já não pertencer à vida

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 19/05/2007
Reeditado em 19/05/2007
Código do texto: T493008
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