MEU VAZIO

Às vezes vejo um vazio, cheio em mim

Tão cheio de espaços, como se opaco

Causando-me embaraço, deixando-me fraco

Sem ver a gota de uma luz, num breu sem fim...

É um solitário e vasto solo tão ruim

Que a sementeira cai, rasgando como caco

De vidro que me corta o peito e faz buraco

Sangrando com um sangue lânguido marfim...

Enquanto escorre o sangue em mim sem uma cor

Eu vejo a solidão, e nela se compor

O meu perfil, em um desenho abstrato...

E sinto então, que o meu vazio é um fato

O meu relato, que descreve um substrato

De onde nascem a poesia e o meu amor...

Autor: André Pinheiro

02/08/2014

Soneto publicado na Câmara Brasileira de Jovens escritores - Livro "SELETA DE POETAS ROMÂNTICOS" - lançado em setembro de 2014.