SONETO DA IMITAÇÃO DA LUA

Apareceu o prefeito em minha rua

E eu lhe falei: ó grande autoridade!

Vede que bela imitação da lua,

Como tantas que ornamentam a cidade.

Esse buraco, a chuva vem enchê-lo

De água, que, ao se misturar co’ o barro,

Torna-se um caudal, já com cabedelo,

Turbilhão tão forte, que engole um carro.

No inverno, é balneário de ratos,

No verão, é berçário de mosquitos,

Passarela de manequins fecais.

Tenso o prefeito, defronte dos fatos,

Passou a falar verbos esquisitos,

Mas, no meu bairro, voltou? Nunca mais.

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 25/05/2007
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