SONETO EM RESIGNAÇÃO


Não foi o amor que morreu, foi o encanto
De aos poucos em nós... Fugaz... Silente...
E que, emudecendo abruptamente,
Transformou-nos o riso em pranto.

Foi de alma... Pra alma... O confronto
De nada nos ser como em antigamente.
Foi o desejo... - Em outrora ardente -
Agora morrido, sem giro... Em espanto.

Foi-nos a ânsia de querer... - Morrida -
A angústia nas faces... - Esculpida -
... Pelo nada de nós que restou.

E há de ser... Sem mágoas, sem dores,
Sem desventuras... Sem dissabores...
... A certeza apenas que tudo acabou!

                         Puetalóide



*******


Nova Aurora


Queda-me a alma inda'starrecida
Chora-me o peito em dor inclemente
Não foi amor o sonho de uma vida?
Foi ilusão pura e simplesmente?

Achava-me tua musa mais querida...
Pedia a Deus por nós tão insistente
Que nos mostrasse a face refletida
De seu grande amor no amor da gente.

Em meu peito faz-se o pranto agora
Tristeza faz-me a alma em desencanto
À dor de findo amor que foi embora

As noites, com pesar carregam as horas
No tempo de nós tirou o encanto
Só rogo a Deus: me dê uma nova aurora!

                         Nina Costa



*******


SURGINDO O AMOR


Não foi o encanto, Poeta, que faleceu,
Findou na verdade toda a ilusão,
Não era amor, só chuva de verão,
E assim aos poucos ela feneceu.

Poemas que inspirado, ele escreveu,
Tanto carinho, ternura e expressão,
Que se imaginava vir do coração,
Eram uma miragem, não sobreviveu...

E todo o desejo, toda atração,
Falsamente maquiada de ardor,
Foi tristemente se descolorindo.

E fiquei em paz, tranquila, sorrindo,
Porque eu vi a verdadeira afeição,
Em outro coração; surgindo o amor!

                         Adria Comparini