Soneto da vida e da morte

O que é viver senão morrer aos poucos?
Perguntou-me a órfã da Alegria.
Titubeei. Decerto eu não sabia,
mas não queria fazer-lhe ouvidos moucos.

A vida está nesses caleidoscópios
que nos riscam geométricos segredos,
onde a fumaça de todos os medos
respira o vício de todos os ópios.

Vitalizar projetos semiloucos
faz parecer a vida ser o inferno
nos festivais de tantos gritos roucos

que não distinguem entre externo e interno,
mas ao nos despedirmos somos loucos
que transitam do efêmero ao eterno.

(Publicado originalmente no www.algoadizer.com.br em outubro de 2014)
luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 29/11/2014
Código do texto: T5053144
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.