UM ROMANCE

Na fase dependência de um romance,

a sede é acalentada em fluido alheio,

do ser que existe além de todo alcance,

que viça do outro o mais profundo veio.

No tempo de romance infindo, extenso,

também se acalma a fome na harmonia

dos corpos misturados no ar intenso

e indócil, aos deleites de ambrosia.

E assim, trocando anseios e carências,

um suga no outro bálsamos, essências,

na crença de que sarem seus vazios.

Mas este enlace ilude sede e fome,

enquanto cada vida se consome,

tentando o mesmo curso a opostos rios.