Vaga-lume
 
Vê quão encantadora é a analogia que há entre este soneto e a vida de Diógenes... sua autoria não é minha, contudo, divido com aquela que o concebeu, os méritos desta composição, pois há quase meio século, ela é a fonte maior da minha inspiração, quando não, da minha respiração...
 
 

Que desejas tu, pobre pirilampo?
Se estás a vagar a esmo ao sonoite.
Não te causa temor o vasto campo?
Não vês nos ramos ásperos o açoite?
 
És incauto! Te assustas com relampo
Que sempre vai incomoda-te à noite?
Grandes surpresas há por este escampo!
Não tardes mais, encontra outro pernoite.
 
Por um cínico passas entre arbustos.
Inocente lumeeiro, desilude!
Em vão, procuras por alados justos.
 
Vagalume não afrontes a virtude!
Se apagas teu lume, ainda que sob custos,
Ao Sol, hás de vê-la em plenitude.















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Eugene Garrett
Enviado por Eugene Garrett em 13/01/2015
Reeditado em 30/12/2020
Código do texto: T5100919
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