A despeito


A despeito do que tanto, há tempos, tantos disseram,
Alertando-me quanto ao uso inveterado do cigarro,
Jamais o abandonei, nem mesmo quando o sarro
Tirava-me a respiração e o fôlego que se perderam.

Talvez porque não mais me importo com a vida,
Que sempre se mostrou para mim como madrasta,
Privando-me de quem tanto amei, que me castra,
Nos momentos em que me porto como fera ferida.

Persisti por todos estes anos sem rumo, sem prumo,
À espera, talvez, de que ficasse em meus braços,
Esta mulher que tanto amei, bem mais que o fumo.

Hoje, quando meu peito dói toda esta dor lancinante,
Não é pelo fumo, é por não mais reter em meu abraço,
Esta mulher tão amada, bem mais amada do que antes.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 12/02/2015
Reeditado em 20/02/2017
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