O CARRILHÃO DO MEU AVÔ

O velho carrilhão marcava os dias,

Marcava nossas horas de alegria,

Marcava maus momentos e tristezas,

As horas de ansiedade, as incertezas,

Os muitos desencontros de uma casa

E tudo que hoje jaz na cova rasa

Do esquecimento longo e necessário

Fluindo em correnteza, como um rio.

E em todo o tempo o som do carrilhão,

Sonoros tons solenes da ilusão

A que chamamos tempo, no seu voo

contínuo, em busca só do esquecimento,

Tal como agora vão na voz do vento,

O riso, o gesto e a voz do meu avô.

Cliz Monteiro
Enviado por Cliz Monteiro em 16/02/2015
Código do texto: T5138699
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