Naufragante

Naufragante

Jorge Linhaça

Minhas distâncias hoje são maiores

e já não vejo o fim do caminho

Anda o meu corpo repleto de dores

Sangra minh'alma, rasgada de espinhos

Já não encontro de Deus os favores

Entre as silveiras e cardos me firo

Não temo a morte nem seus estertores

mas, sem mais sonhos,tornei-me andarilho.

Sombras que envolvem a trilh'adiante

Num luscofusco de nunca findar

Já não enxergo o brilho de antes

Ando perdido na terra e no mar

Foi-se o instinto do bom navegante

Hoje o meu barco só quer naufragar.