QUE IMPORTA?...

Eu era a desdenhosa, a indiferente.

Nunca sentira em mim o coração

Bater em violências de paixão,

Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,

Sem sombra de desejo ou de emoção,

Enquanto as asas loiras da ilusão

Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte;

Como nascida em carinhoso monte,

Toda ela é riso, e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante...

Que importa?... se o cansado viandante

Bebe em todas as fontes...quando passas?...

Florbela Espanca

Paola Bittencourt
Enviado por Paola Bittencourt em 09/06/2007
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