SONETOS EM DUO
- Puetalóide & Nina Costa -


Porque canto s'ela finge não me escutar?
Ou se faz indiferente aos meus anseios?
E sem rumo... Em versos... Em devaneios,
Eu busco a qualquer custo lhe encantar?

Porque teimas, oh musa, me ignorar?
Desprezando-me os versos, os arrodeios?
E sem giro... Sem prumo... Arremedeio
Buscando em ternas cantigas lhe agradar?

- Há de ser sempre assim? - Será sina?
De Poeta... À cantarolar pelas esquinas
Maldizendo, ou enaltecendo, o amor?

Ou apenas a alma em desprendimento?
Em eventuais manifestações de sentimentos.
- Quem responde pra mim.., - Por favor?

                         Versinhos em Desencanto
                          - Puetalóide -



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Porque anda, ele, a esmo pelas ruas
Sonhando com um amor tão distante
Vagando este Poeta em noite nua
Por uma estrela, eterna, amante?

Serei eu, esta que o leva submerso
Em cantos externados d'amor e sinas
Envolto no fulgor de dulces versos
Perdido entre mil e uma esquinas?

Ah... Quem me dera sua musa fosse
Capaz de lhe trazer líricos cantos
E despertar em sua vida o amor.

A inspirar aos lábios versos doces
Não sina... Mas a música, o acalanto
Aquela que lhe ama com ardor!

                         Versinhos de Quem Dera!
                         - Nina Costa -



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O TEMPO PASSA


São dois poetas carentes em seus afetos,
Deslumbrando no desamor uma nova espera,
Uma pergunta para o outro por onde andou,
Este responde sempre estive a tua espera.

O tempo passa e as angústias se avolumam,
Vem a idade e o ser contrito não faz amar,
Agora resta-lhes observar os vaga-lumes,
Pois estes sim se namora com um esplendor.

Duas almas já maduras também se fundem,
Encontram forças para o desfrute almejado,
E então a espera desesperada hora sucumbe.

Os dois poetas se reencontram num ponto X,
Quando se tocam saem faíscas incendiárias,
Eles se amam e nem de longe nada maldizem.

                         Miguel Jacó