SONETO DO AMOR MORRIDO


Sepulta esse amor q'eu um dia jurei.
Que enamorado, à emoção, eu disse.
Como se tudo em mim existisse
Ou fosse verdade o q'eu proclamei.

Perdoa Querida... Eu me enganei!
Tudo não passou de invencionice,
De tola ilusão... De mera tolice,
O que, entre versos, a ti declamei.

Não deixes por nada seguir existindo
O que para nós desde antes é findo,
Ou nunca, jamais, existiu de verdade

E se algo existe, deixa ir morrendo,
Gradativamente... Desaparecendo,
E desaparecendo, sem deixar saudade!

                         Puetalóide



********


AMOR IMATURO


Sob juras contemplei tão doce amor
E acomodei em meu peito comovida
Entregar-me a essa paixão tão decidida
E em teus braços repousar o meu calor

Agora enches, a minh'alma de dor
Tanta crueza em palavra desmedida
Tolices... Ilusão a mim prometida
Como punhal a ferir-me com furor

Mas farei do desencanto o meu degrau
Partirei com esperança em nova nau
E alcançarei adiante, porto seguro

Eis que a aurora me trará novo viver
Dos teus versos esquecerei e do meu sofrer
Nem saudade trará esse amor imaturo!

                         Aila Brito



********



RECADO


Dizes, é tudo acabado, morto, findo.
Não mais se dizer do amor existente
que de tão grande, me pareceu infinito,
mas, se tornando em nada, num simples repente...

Tuas palavras machucaram minh'alma sofrida
embalada pelo desejo de ser feliz, unicamente
Por u'a mera ilusão assim envolvida,
em promessas perdidas num tempo inclemente.

Deixaram marcas, as palavras ditosas
alimentando uma pobre alma indefesa
que agora sabe... apenas mentiras enganosas.

Mas, se hoje digo chorando que te perdi,
sei, a vida há de me ensinar com certeza,
um dia a dizer sorrindo... já te esqueci!

                         Simplesmente Romântica



********


EXÉQUIAS


Quando deixamos que um amor se vá,
Aos poucos, sem mágoas ou rancores
E junto dele todos os dissabores
Que um dia sentimos, jogamos uma pá:

Cal de clemência, o melhor que há,
Pois ainda há de se erguer louvores,
Pão da vida, puríssimo Maná...

É tempo de saudar o que findou,
Com flores, homenagens, rituais,
Com Cânticos alegres e harmonia.

Porque mesmo uma ilusão que acabou,
Valeu para amenizar nossos ais,
Serviu para nos propiciar alegrias!

                         Adria Comparini