Limpando a alma... mas nem tanto...

"Eu pulo as janelas

Será que eu tô trancada aqui dentro?

Será que você tá trancado lá fora?

Será que eu ainda te desoriento?

Será que as perguntas são certas?

Então eu me tranco em você

Eu me tranco em você

E deixo as portas abertas"

(Ana Carolina)

Abri a caixa, apaguei e deletei versos antigos,

cortei os cabelos e pintei as unhas de vermelho,

tomei um banho de cheiro de afastar inimigos

e quase nem me reconheci diante do espelho;

tirei de dentro de mim antigas e velhas canções,

limpei as gavetas da alma e passei muito perfume,

lavei a carne de amores passados, de velhos tesões,

abri portas e janelas à entrada d'um novo lume;

mudei a música, a poesia, e fiz uma rima lasciva

que me subia pelas coxas e desaguava bem no meio,

me dando um novo brilho, me tornando chama viva;

mas guardei, secretamente, minha fonte de alegria,

- o bem mais precioso que aconchego em meu seio; -

teus poemas de amor que são meu chão e minha guia.