Deus, ou não sei quem, deu-me este amor,
Nesta estação de sobriedade e temperança,
Quando as crenças, já cimentadas de valor,
Não mais encontram solução na esperança.
 
Isso porque o sistema estabelecido de viver,
É fundamentado na premissa do bem estar,
E só vê valor nas recompensas do mais ter,
Que nada guarda com promessas do sonhar.
 
Mas aí vem o coração, em tardia quartelada,
Desenterrar seus velhos sonhos já perdidos,
Mostrando que ainda pode fazer a revolução.
 
E ei-lo à luta, sem argumento e sem espada,
Só contando com a força débil dos sentidos,
Para defender o direito de viver uma paixão.