QUE SOFRAS MULHER...

Que tu sofras, como agora sorris

Em ti batam ondas como nos abrolhos

E lágrimas desção igual numa atriz

No langor sonâmbulo dos teus olhos

Não, não me importarei, nem te falarei

Apenas no horizonte deitarei a te observar

O peito arfante desejando paz como um frei

Sendo uma oferenda desejando ao amante abastar

Para que assim jorrem larvas do teu ser

E que entregue todo o esplendor enclausurado

Todo o mel que tens disfarçado, com insensatez.

Pois só no clímax do ardor do sofrer,

Podes tu mulher dar todo teu amor abençoado,

Tresloucado, divinal. Um anjo beija a tua tez.

Salvador, inverno de 2015.