Soneto da indecisão

Abrindo os braços para um sonho antigo,

no puro berço a vida assim descansa,

trazendo em mim a paz de uma criança

e o olhar amargo e duro do inimigo.

Inexorável dúvida eu persigo

por entre as teias que viver entrança.

Ao longe eu vejo a Morte, a foice dança;

e corro, em vão, a achar um torpe abrigo.

Num meio termo, eu busco alguma sorte

na ignomínia deste emaranhado

de decisões, mas sem que me conforte

nesta pungente estrada, a andar, cansado.

E enquanto aguardo o vil soar da morte,

padeço sob o peso do passado.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 29/08/2015
Reeditado em 02/09/2016
Código do texto: T5363320
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