Soneto ao noctívago

Acalentado pela madrugada,

meu coração se alegra e reconforta.

A mente sai veloz na rua morta

e eu deixo um passo lento na calçada.

Uma efusiva trilha indisfarçada

se alonga e segue a minha via torta,

iluminando qual fulgor que corta

a escuridão da noite, amordaçada.

Se arrasta um cão, arfando, que me encara;

no céu, a lua já se retirara

e então maldigo o sol, com voz nenhuma.

Retorno então, soturno e sem alento,

enquanto arrasto o inerte pensamento,

que se dissolve e voa, junto à bruma.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 04/10/2015
Código do texto: T5403668
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.