Lavoura
Em ti sinto a distância de um soneto,
Estas a dois tercetos de meu sonho,
De fato és bem mais linda que suponho,
E eu aqui, condenado no quarteto.
Desbravarei quatorze versos sim,
A procurar a chave de seu ouro.
E enfrento tantas tônicas em couro
Para nada dizer-te lá no fim.
Sinto que as rimas já não fazem bem
Ao que vem a exigir a tua estrofe.
Então, que a poesia morra, mofe,
Pois que fiquem as regas no armazém.
Se cada verso foi por ti somente,
Cuido agora das letras qual semente.