O Sol

Sei que espalho os meus cacos pelo acaso,

Que deixo em leito as letras já usadas.

Também sei que atravesso a nado estradas

E aqui eu sempre chego com atraso.

Peço que não declames o que sei,

Pois como sabes nunca tenho sorte

De acordar sorridente após a morte

Dos versos que compus ao astro rei.

E tanto sei que nada sonho agora,

E a hora é assim tão curta na lembrança,

Que esqueço os mesmos passos desta dança

E volto ao aconchego de outrora,

Quando espalhava o avesso pelo dia,

E enfim evaporava em demasia.