MAÇÃ ENVENENADA
Ignota terra lodosa e pantaneira
Raízes fincadas no solo do nada
Árvore dos mortos sem coordenada
Recordo solenemente da funesta macieira.
Macieira de tenras maçãs envenenadas
Tão belas em seu vermelho brilhante de pecado
Plantadas num adro que não as redime do fado
De tirar vidas por asfixia sem auxílio de negras fadas.
Não se trata de uma macieira de um conto normal
A tragédia, a beleza da morte sob o prisma original
Alimentam os falsos vivos com o consolo da sepultura.
Certamente que aquilo que mata é mais gostoso
Pois livra o corpo do fardo e embate oneroso
De viver; seja, com ou sem, maçãs envenenadas.