POEIRA NO AR

A vida é poeira caindo ao acaso,

no grito estridente, arruaceiro do agora

que intenta anular alaridos do outrora,

sem tempo marcado, limites e prazo.

Girando, atrasando o ignorado destino,

às vezes se deita, à mercê de um ensejo,

nas penas macias de pássaro a adejo

e noutras se perde no vento malino.

E segue a poeira em raiares, poentes,

se espalha, alcançando rincões diferentes

dispersos no mundo de igual compleição.

Mas nada lhe impede o constante declínio,

tão frágil, sugada ao sombrio domínio

do chão que lhe acolhe a fatal extinção.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 22/10/2015
Código do texto: T5423206
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