A SAUDADE.

A saudade... É você ou irmã Dolores?

O furacão fenício de dois meses,

o relâmpago Mai, luz dos meus olhos?

Ou a confusão mental das marineses?

Acaso é a Alice, a mais doída e opaca,

longamente presente em minha insônia?

Tão só, por tanto tempo... Sofri tanto...

Amei sozinho e só me masturbei...

Agora vem você... Sai de tão longe...

Que deseja de mim? Sangrar mais fundo?

- Não bom amigo, vim para ficar!

Ao teu lado estarei até o fim,

Serei como se fosse o teu Delfim,

Teu derradeiro amor – sou a saudade!

II

- Sigo os dias finais, velo teu leito,

como velei ao tempo de criança,

quando te amamentei e a mamadeira,

pus nos teus lábios – fui a tua mãe...

Contigo até o fim, quando dormires,

velar-te-ei, sem pressa a eternidade...

Para que, afinal, não fiques só,

nem esquecido como foste em vida...

Se alguém chegar ao túmulo do eterno,

a revolver-te as cinzas – eu, Poesia,

farei com que não pequem contra ti.

Sou eu, poeta, a própria eternidade.

Comigo dormirás, sem masturbar-se,

rodeado de deusas e de ninfas...

Salvador, 27-06-07, entre as 3h, 51m. e 4h, 27m.

www.joaojusiniano.net