A chaga do dia

Aparece na límpida alvorada,

onde a luz determina a cor do mundo,

quando os galos, no urrar longo e profundo,

tecem nova manhã, tenda elevada.

E o sol, na inexorável marcha arqueada,

prossegue, rasga o céu e, num segundo,

faz nascer vida e o chão deixa fecundo,

enquanto arde o descalço pé, na estrada.

E impacta a esfera clara no horizonte,

deixando rubra mancha, rubra fonte

dos espessos, ardentes, ruivos óleos;

se esconde após matar o céu qual bala.

Tomada de escarlate, a flor se abala,

e, moribundo, o dia fecha os olhos.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 25/10/2015
Código do texto: T5426568
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.