Quieto em meu canto


O canto que um dia cantei, cheio de encanto,
Já não mais canto, ora me quedo emudecido,
A lembrar de cada instante do quanto vivido,
Olhos toldados pelas lágrimas de meu pranto.

De minha garganta já não se ouve o gorjeio,
Somente minhas lamurias, cessada a poesia,
Já não me resta o que me embeveceu um dia,
O enlevo de perder-me em teu colo, em teu seio.

De teu suave olor, com que me impregnavas,
De teu sabor, com que me deliciava ao sugá-lo,
Extraído de teu néctar, no ato, quando te amava,

Pouco restou, só sentimentos que, no entanto,
Às vezes me assaltam, quando me lanço a buscá-los,
Em minhas noites vazias, quieto em meu canto...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 05/11/2015
Reeditado em 05/11/2015
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