Aos Passos

Quantas folhas serão gastas em vão,

Para que se reveles em beleza?

Diga-me, em seus versos, nesta mesa,

Que a nós ainda resta um só refrão.

Escreva-me na margem que lhe sobra,

Que eu leio as entrelinhas de meus restos.

Assim, nos esqueçamos dos protestos,

Do punhal, do alicate e desta obra.

Quando se revelar em sina curta,

Haverei de ser prosa de quadrilha.

Porém, se poesia, não humilha,

Pois mais dia sem fé e a mente surta.

Atenua, palavra, esta medida,

De quem pode lhe ser pronta partida.