Finge


Tira da face este sorriso enigmático de esfinge,
Com que tentas dissimular o que te vai na alma,
Continua aparentando para o mundo como se calma,
Controla o vulcão que explode em teu imo e finge...

Finge que não mais me amas, que não mais desejas
Te acolher nua em meus braços, sentir meus dedos
Que conhecem os descaminhos de teus segredos,
Que provou no bolo de teu púbis o sabor da cereja.

Finge que quando me clamas, à noite, em desvario,
Nem mesmo mais sentes a ausência de meu calor,
Quando teu corpo revira na cama, insone, só, por frio.

Finge que não ressoam em teus ouvidos os sussurros
Que murmurei em tantas inesquecíveis juras de amor,
Sufocados no instante do gozo por teus gemido e urros.

Finge que é ato reflexo, quando o travesseiro cinges
Entre tuas coxas, como se fosse eu a saciar teu ardor,
Sintas-me sugar a lágrima vertida de teu sexo... Finge!
LHMignone
Enviado por LHMignone em 18/11/2015
Reeditado em 18/11/2015
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